Depois foi só. O amor era mais nada
Sentiu-se pobre e triste como Jó
Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
Espantado, parou. Depois foi só.
Depois veio a poesia ensimesmada
Em espelhos. Sofreu de fazer dó
Viu a face do Cristo ensangüentada
Da sua, imagem - e orou. Depois foi só.
Depois veio o verão e veio o medo
Desceu de seu castelo até o rochedo
Sobre a noite e do mar lhe veio a voz
A anunciar os anjos sanguinários...
Depois cerrou os olhos solitários
E só então foi totalmente a sós.
vinicius do moraes
sexta-feira, 21 de março de 2008
terça-feira, 11 de março de 2008
it's yeats
Se eu me vestisse como os anjos
do sol e azuis da noite os tons
das estrelas do céu os arranjos
dos meus planos à luz da meia-luz
colocaria o mundo a teus pés
mas sou pobre e tendo só meus sonhos
quero colocá-los a teus pés
pise com cuidado, são meus sonhos
W. B. Yeats
versão brasileira: Marcos Prado e Thadeu
retirado do blog Palavra de Pantera
do sol e azuis da noite os tons
das estrelas do céu os arranjos
dos meus planos à luz da meia-luz
colocaria o mundo a teus pés
mas sou pobre e tendo só meus sonhos
quero colocá-los a teus pés
pise com cuidado, são meus sonhos
W. B. Yeats
versão brasileira: Marcos Prado e Thadeu
retirado do blog Palavra de Pantera
Sorte de Hoje
Quando abri o orkut pela manhã:
Sorte de hoje: Uma surpresa agradável está à sua espera
Tenho prestado muito atenção ao atravessar as ruas para não ter a mesma surpresa que a Macabéa
Sorte de hoje: Uma surpresa agradável está à sua espera
Tenho prestado muito atenção ao atravessar as ruas para não ter a mesma surpresa que a Macabéa
segunda-feira, 10 de março de 2008
Dobrada À Moda Do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo…
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo…
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos
domingo, 9 de março de 2008
Dia das mulheres
Peter Pan diz: Nós os meninos perdidos somos crianças que foram esquecidas, que por acaso caíram dos carrinhos de bebês de suas babas e que depois de 7 dias, se não forem encontradas, vão para a Terra do Nunca.
Wendy pergunda: Há meninas na Terra do Nunca ?
Peter Pan: Não, meninas são muito inteligentes para cair dos carrinhos de bebês.
Wendy pergunda: Há meninas na Terra do Nunca ?
Peter Pan: Não, meninas são muito inteligentes para cair dos carrinhos de bebês.
terça-feira, 4 de março de 2008
O Início
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhaninha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelos brancos...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Ou então faziam de mim qualquer coisa diferente
E eu não sabia nada do que de mim faziam...
Mas eu não sou um carro, sou diferente,
Mas em que sou realmente diferente nunca me diriam.
Caeiro
Que vem a chiar, manhaninha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelos brancos...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Ou então faziam de mim qualquer coisa diferente
E eu não sabia nada do que de mim faziam...
Mas eu não sou um carro, sou diferente,
Mas em que sou realmente diferente nunca me diriam.
Caeiro
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